Terça- feira, 20h30.
Após a primeira série de apresentações da Madonna no Brasil, cá estou eu em casa me servindo de sobremesa com o top20 da vh1 só com clipes da material girl depois de devorar meia lasanha. Já estava pensando em escrever algo sobre sua passagem por aqui e a minha ausência em todas as apresentações quando, lavando louça, fui invadida por um pensamento/questionamento desconcertante: sou uma fã de meia tigela?
Desde que penso em quando comecei a gostar conscientemente das coisas sempre existiu Madonna. No início com meu inglês tosco e inocente, uma tentativa de tornar as canções ao menos o mais foneticamente entendível possível, o primeiro disco de vinil (que charme), as revistas, as fitas gravadas das amigas mais dotadas (não tinha dinheiro para comprar todos os discos não, até porque minha mãe nunca fez esforço para me alimentar de Madonna "não sei porque Íldima gosta dessa mulher..."), e o primeiro de outros cds. Até que em 93, quando ela veio pela primeira vez ao Brasil, o primeiro trauma. Marcada pela impossibilidade de ir (tinha 12 anos) fui ver a transmissão com Manu na casa de minha madrinha. No início do show Madonna entra se esfregando em um globo brilhante, instantes depois beija uma dançarina na boca, logo logo...eita, imita movimentos de uma relação sexual e insinua uma masturbação em uma cama vermelha junto a outra dançarina e então "leeeelaaa, minha filha vamos desligar? vocês não acham que isso está demais para vocês não?"acreditem. Essas palavras foram pronunciadas pelo bloco de gelo na época encarnado na figura da minha madrinha. Ai, pimba! Tchau Madonna.
Apagam-se as luzes, corte para o futuro.
Hoje como uma fã normal tenho toda a discografia e videografia (graças ao amado), canto as canções sem me expor ao ridículo e querendo ou não acabo sabendo o que se passa em sua vida, mas aos 27 anos não fui nem vou vê-la em suas 5 apresentações no Brasil este mês e o pior (será?) não estou me sentindo mal por isso. Daí o questionamento: Sou uma fã de meia tigela?
Aconteceu o mesmo em 2006 com o Pearl Jam. Apesar de estar envolvida em uma circunstância completamente diferente (onde não foi porque eu não quis, mas porque não pude) fica a sensação de que faço isso para quem sabe olhar para tras e perceber a diferença da necessidade de "ter" que fazer e "querer" fazer.
Gostar de um artista, sentir-se feliz com o seu trabalho e integrado ao que ele oferece, merece passar obrigatoriamente por classificações? Não seguir a massa, o caminho "natural" de um fã, me faz ser menos fã? Afinal, fazemos esses sacrifícios por nós ou para os outros?
São perguntas que já sabemos as respostas antes mesmo delas existirem. Nesta situação penso nos sacrifícios desmedidos das pessoas que vão ou que já foram. Quanto vale o tão falado "instante mágico"? O povo sofre para comprar o ingresso, sofre para pegar um lugar na fila, sofre para entrar, sofre para achar um lugar bom durante o show para se espremer durante duas horas e ver um pontinho saltitante a metros e metros de distância meio a cabeças e corpos suados. A questão que mais me intriga é entender o que move esse povo a essa odisséia desgastante para ver um ídolo. Teria mil respostas calorosas a dar, mas só uma tem valor pra mim: reviver sentimentos.
Percebo que muitas dessas figuras passeiam no meu e em muitos imaginários, principalmente por fortalecer as conexões que remetem a momentos especiais, dentro da nossa infância e juventude junto, muitas vezes, de pessoas que fizeram parte desses momentos. Lembrar dessa Madonna é viajar num tempo maravilhoso que sem um estímulo podem se perder nas gavetinhas do cérebro para sempre. Ouvir essas canções favorece que as sinapses fracas se fortaleçam, e o acesso a essas memórias se eternizem. Outra coisa importante é que grande parte (ou toda) magia vem de estar com quem se ama ou ao menos sintonizado com quem está por perto. No fim não é o artista quem faz a festa, somos nós e o nosso comportamento neste espaço. Este sim é um prazer impagável.
Todos esses nomes e formas que Madonna toma, mudando constantemente, sendo de vanguarda, reinventando-se, são suas características que mais me agradam e me mantém conectada a sua essência de artista, mas confesso que essa Madonna pós-filhos, cabala, casamento inglês, cabala, livro infantil, cabala, senhora em Londres e mais cabala não me encanta tanto quanto a Madonna que brotou de um bolo vestida de noiva cantando Like a Virgin, da cantora de cabelos curtos e cara promiscua de Erotica, ou da figurinha convidativa em Express Yourself. Eu sinto falta da loucura desmedida e ares de segredos que ela exalava. Eu sei, eu sei, o tempo passa e ela continua com um pique incrível, mas alguma coisa que era latente está hibernando e é disso que sinto falta. Sim, ainda gosto dessa Madonna de "Sticky and Sweet", mas não sei ao certo onde nela vive a Madonna de "The Girlie Show".
Isso me ajuda a ficar de boas. Assito pela TV, compro DVD e me divirto também. Ah, e sobre a minha pergunta, sigo sem me preocupar. Cada um do seu jeito vive suas coisas, cada fã a sua maneira, eu estou feliz com minhas doses homeopáticas. Sim, doses homeopáticas fazem bem, porque muitas vezes uma tigela cheia pode causar muita indigestão.
"Você tem visto ela por ai?"
Após a primeira série de apresentações da Madonna no Brasil, cá estou eu em casa me servindo de sobremesa com o top20 da vh1 só com clipes da material girl depois de devorar meia lasanha. Já estava pensando em escrever algo sobre sua passagem por aqui e a minha ausência em todas as apresentações quando, lavando louça, fui invadida por um pensamento/questionamento desconcertante: sou uma fã de meia tigela?
Desde que penso em quando comecei a gostar conscientemente das coisas sempre existiu Madonna. No início com meu inglês tosco e inocente, uma tentativa de tornar as canções ao menos o mais foneticamente entendível possível, o primeiro disco de vinil (que charme), as revistas, as fitas gravadas das amigas mais dotadas (não tinha dinheiro para comprar todos os discos não, até porque minha mãe nunca fez esforço para me alimentar de Madonna "não sei porque Íldima gosta dessa mulher..."), e o primeiro de outros cds. Até que em 93, quando ela veio pela primeira vez ao Brasil, o primeiro trauma. Marcada pela impossibilidade de ir (tinha 12 anos) fui ver a transmissão com Manu na casa de minha madrinha. No início do show Madonna entra se esfregando em um globo brilhante, instantes depois beija uma dançarina na boca, logo logo...eita, imita movimentos de uma relação sexual e insinua uma masturbação em uma cama vermelha junto a outra dançarina e então "leeeelaaa, minha filha vamos desligar? vocês não acham que isso está demais para vocês não?"acreditem. Essas palavras foram pronunciadas pelo bloco de gelo na época encarnado na figura da minha madrinha. Ai, pimba! Tchau Madonna.
Apagam-se as luzes, corte para o futuro.
Hoje como uma fã normal tenho toda a discografia e videografia (graças ao amado), canto as canções sem me expor ao ridículo e querendo ou não acabo sabendo o que se passa em sua vida, mas aos 27 anos não fui nem vou vê-la em suas 5 apresentações no Brasil este mês e o pior (será?) não estou me sentindo mal por isso. Daí o questionamento: Sou uma fã de meia tigela?
Aconteceu o mesmo em 2006 com o Pearl Jam. Apesar de estar envolvida em uma circunstância completamente diferente (onde não foi porque eu não quis, mas porque não pude) fica a sensação de que faço isso para quem sabe olhar para tras e perceber a diferença da necessidade de "ter" que fazer e "querer" fazer.
Gostar de um artista, sentir-se feliz com o seu trabalho e integrado ao que ele oferece, merece passar obrigatoriamente por classificações? Não seguir a massa, o caminho "natural" de um fã, me faz ser menos fã? Afinal, fazemos esses sacrifícios por nós ou para os outros?
São perguntas que já sabemos as respostas antes mesmo delas existirem. Nesta situação penso nos sacrifícios desmedidos das pessoas que vão ou que já foram. Quanto vale o tão falado "instante mágico"? O povo sofre para comprar o ingresso, sofre para pegar um lugar na fila, sofre para entrar, sofre para achar um lugar bom durante o show para se espremer durante duas horas e ver um pontinho saltitante a metros e metros de distância meio a cabeças e corpos suados. A questão que mais me intriga é entender o que move esse povo a essa odisséia desgastante para ver um ídolo. Teria mil respostas calorosas a dar, mas só uma tem valor pra mim: reviver sentimentos.
Percebo que muitas dessas figuras passeiam no meu e em muitos imaginários, principalmente por fortalecer as conexões que remetem a momentos especiais, dentro da nossa infância e juventude junto, muitas vezes, de pessoas que fizeram parte desses momentos. Lembrar dessa Madonna é viajar num tempo maravilhoso que sem um estímulo podem se perder nas gavetinhas do cérebro para sempre. Ouvir essas canções favorece que as sinapses fracas se fortaleçam, e o acesso a essas memórias se eternizem. Outra coisa importante é que grande parte (ou toda) magia vem de estar com quem se ama ou ao menos sintonizado com quem está por perto. No fim não é o artista quem faz a festa, somos nós e o nosso comportamento neste espaço. Este sim é um prazer impagável.
Todos esses nomes e formas que Madonna toma, mudando constantemente, sendo de vanguarda, reinventando-se, são suas características que mais me agradam e me mantém conectada a sua essência de artista, mas confesso que essa Madonna pós-filhos, cabala, casamento inglês, cabala, livro infantil, cabala, senhora em Londres e mais cabala não me encanta tanto quanto a Madonna que brotou de um bolo vestida de noiva cantando Like a Virgin, da cantora de cabelos curtos e cara promiscua de Erotica, ou da figurinha convidativa em Express Yourself. Eu sinto falta da loucura desmedida e ares de segredos que ela exalava. Eu sei, eu sei, o tempo passa e ela continua com um pique incrível, mas alguma coisa que era latente está hibernando e é disso que sinto falta. Sim, ainda gosto dessa Madonna de "Sticky and Sweet", mas não sei ao certo onde nela vive a Madonna de "The Girlie Show".
Isso me ajuda a ficar de boas. Assito pela TV, compro DVD e me divirto também. Ah, e sobre a minha pergunta, sigo sem me preocupar. Cada um do seu jeito vive suas coisas, cada fã a sua maneira, eu estou feliz com minhas doses homeopáticas. Sim, doses homeopáticas fazem bem, porque muitas vezes uma tigela cheia pode causar muita indigestão.
Se tenho visto ela por aí? Bem, tb sou fã de doses homeopáticas, mas tenho uma foto para te mostrar... Por acaso, ou destino hehehehehe!! Beijoks da amiga Eva :)
ResponderExcluirquero veeeeeeeeer..rs.
ResponderExcluirbjs